Por Alberto Couto Filho
Abençoamados leitores,
Em janeiro de 2011 recebi este
simpático e-mail de um presbítero de uma igreja no Espírito Santo:
Irmão Alberto
A paz do Senhor Jesus
seja contigo.
Recentemente, a convite
de nossa liderança, esteve em nossa igreja, um famoso palestrante, empresário
cristão bem sucedido que, fazendo referência à eficácia de um líder, sugeriu a
inserção da matéria Liderança nos currículos dos seminários teológicos.
Estranhamos quando
disse-nos não ter recebido qualquer ensino que o preparasse para as obrigações
pastorais, em nenhum dos cursos teológicos que havia feito.
Aquele preletor disse
acreditar que, um teólogo, estudante e analista da influência que as religões
exercem sobre a sociologia e a antropologia, tem menos chance de lograr bom
êxito como pastor de uma igreja, se não portar nenhuma habilidade específica de
Liderança.
Ele entende que o
teólogo, por pesquisar, estudar e interpretar textos sagrados e doutrinas, não
está habilitado para conduzir com eficiência o rebanho de Deus sob sua
responsabilidade. Mesmo que Deus o tenha privilegiado com o dom da liderança,
ainda assim, se não dedicar-se ao desenvolvimento deste dom, sendo diligente ao
liderar (presidir – Rm 12:8) não obterá os resultados esperados, através de
seus colaboradores, líderes também dependentes da aquisição e desenvolvimento
das habilidades específicas da Liderança, no ofício pastoral.
Por duas vezes aquele preletor
citou o livro, “Vinde Após Mim”, como leitura recomendada para melhor
entendimento e plena compreensão do tema Liderança, dizendo-nos ser
do seu autor esta sentença:
“Deus
chama um servo a pastorear com a finalidade de equipar o rebanho para a difícil
obra do seu ministério”. Seu papel é liderar, ensinando e encorajando membros
da sua congregação a desenvolverem e aperfeiçoarem os dons recebidos
graciosamente de Deus, para que realizem, com eficácia, os serviços para os
quais foram chamados.
Ao mesmo
tempo em que terá de cumprir as exaustivas tarefas do ministério ele deverá
cuidar de relacionamentos sócio-emocionais, objetivando a transformação da vida
das pessoas.”
Impressionado,
gostaria de saber:
1) Como adquirir seu Livro “Vinde Após Mim”, não encontrado
nas livrarias da minha cidade.
2) Em que o ilustre irmão, biblicamente baseia esta
sua sentença, envolvendo os termos TAREFAS e RELACIONAMENTOS.
3) Exemplos nominais (pelo menos dois) de líderes
diligentes que levaram seus liderados a lograrem bom êxito.
4) Se o dom da liderança é espiritual ou ministerial
5) Como separar a eficácia do sucesso.
6) Como obter o sucesso na liderança de servo
Amado Walmir,
Paz
Sou agradecido àquele irmão
palestrante por recomendar o Vinde Após Mim como leitura sobre o dom da
Liderança. Na verdade, sinto-me honrado em ser lembrado por alguém tão eminente
nos círculos empresariais deste nosso país. Grato, também pelo seu interesse
pessoal.
Eis suas respostas:
1) Acesse albertocoutofilho.blogspot.com.br
(Blog do Alberto) e veja as instruções sobre comprar o livro;
2) Asafe, em seu salmo didático
sobre Davi, exemplo bíblico de rei, profeta e de sacerdote/pastor – “E ele os
apascentou consoante a integridade do seu coração e os dirigiu com mãos
precavidas.” (Sl 78:72)
Apascentar com coração íntegro
– RELACIONAMENTOS
Dirigir com mãos precavidas
– TAREFAS
3) Barnabé guia
de Paulo (At 4:37, At 9:26-27, At 11:22, 25, 26)
Paulo
guia de Timóteo (cartas Paulinas);
4) O dom da Liderança é um dom
motivacional prático . Como você mesmo citou: (Rm 12:8). Os dons motivacionais
práticos (vocacionais - Rm 12:3-8) diferem dos dons manifestacionais
particulares (espirituais – 1Co 12:8-10) e dos dons (Ministeriais (Ef 4:11)
5) Separando eficácia de sucesso:
=>>Ser/estar
EFICAZ = Produzir efeitos desejados; dar bons resultados; agir com eficiência.
A EFICÁCIA é identificada através:
De Atitudes (propósitos, modo de se
manifestar esses propósitos, espiritualidade, reações, maneira de ser),
Do Empenho (interesse,
compromisso, insistência, diligência),
Dos Sentimentos (sensibilidade,
amor, disposição afetiva, percepção, senso).
=>>Ter/haver
SUCESSO = Resultado feliz, bom êxito, acontecimento
O SUCESSO é identificado através:
Do Comportamento
(conjunto de atitudes e reações, face ao meio social apreciado);
Do Desempenho (atuação, atividade,
interação, execução de um trabalho ou de uma função),
Dos Resultados (efeitos,
consequências)
“A
liderança Servidora/Transformacional é a força subjacente que leva qualquer
tipo de Organização (igrejas/empresas/lares) ao sucesso.”
6) Como obter o sucesso como
líder espiritual– Palestra (Rádio Vale da Benção – 2009)/Igreja CEB
Imaginemos uma escada que
tem como degrau inicial a "VONTADE": o desejo de ajudar; de consolar;
de alentar; de amparar, suster e sustentar o próximo, quando aflito, fraco,
atribulado ou apenas inquieto.
O líder servidor/transformacional
chamado, esse que tenciona ser “grande” na obra do Senhor, terá de alcançar o
degrau seguinte que é o "AMOR". Este amor é aquele que tem; contém;
detém e retém a perfeição que existe em Jesus; aquele amor incondicional,
irrestrito, sem barreiras, limites ou fronteiras que sabemos “à duras penas”,
estará praticando, ao saciar a sede e a fome que muitos têm de carinho, de
dignidade e de Deus. Este amor; chamam-no amor “ágape”.
Assim, ele chegará ao degrau
do AMOR, naquele instante, mais que nunca, sustentado e alçado pela Palavra de
Deus.
Ele quer ser “grande”, sim,
mas, para tanto, precisa observar o contido no Evangelho: “Mas entre vós não é
assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que
vos sirva;” (Mc 10:43).
Então, "SERVIR E
SACRIFICAR-SE", é o terceiro degrau desta escada de cinco degraus que
impulsiona homens privilegiados, chamados por Deus para conduzirem o Seu
rebanho, orientados pelo modelo servidor, pleno de eficiência, da Liderança do
Seu Filho Jesus.
É necessário
"SERVIR", motivado e desejoso (motivado/com vontade) e, com altruísmo
(amor ao próximo), revestido de toda a armadura de Deus, combatendo o
combate em permanente guerra espiritual em que terá como inimigos nas
regiões celestes, algozes infernais e detratores, os principados e
potestades, como forças espirituais integrantes das hostes do mal (Ef
6:11,12).
Logo,
"SACRIFICAR-SE" é preciso, como propósito; como um plano do
Senhor para as nossas vidas. Por isso, citei o modus faciendi, o modal “à duras penas” - SERVIR,
SACRIFICANDO-SE: é este o degrau seguinte a ser atingido por quem ama ao seu
próximo.
Agora
sim, disposto a sacrificar sua vida para resgatar a de muitos(Mc 10:45),
uma disposição apreciada, admirada e aceita pelos fiéis que o observarão,
operando na obra de Deus. Os seus liderados, colaboradores, apreciarão seus
esforços para aproximar-se de uma perfeita imitação de Cristo, e o conduzirão,
legitimamente, ao degrau da “AUTORIDADE”.
Esta
AUTORIDADE precisa ser discernida com adequabilidade, pois ela não procede de
uma posição ocupada – ela é genuína, legítima, originariamente espiritual, não
organizacional ou posicional.
Com
vistas ao santo ministério e o serviço dos santos (Ef 4:7-16), Paulo
orienta os de Éfeso sobre a Liderança de Jesus, a cabeça da igreja: 15
– “Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos
em tudo naquele que é a cabeça, Cristo”, 16 – “de quem todo o
corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa
cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si
mesmo em amor”.
Esta
AUTORIDADE espiritual, este degrau, procede da vida ressurreta de Jesus – ela é
revelada.
O
escolhido irá adquiri-la à medida que
sua própria vida for sendo colocada a serviço do resgate de muitas outras
vidas, quando oferecer aos seus próximos a Direção e o Apoio, o que, como
líder provedor, estará primando em fazer, para que sejam bem sucedidos;
para que obtenham sucesso não só como servos, mas como seres humanos.
Ø A “AUTORIDADE” legítima, de baixo para cima,
será exercida junto às pessoas, pelo poder pessoal,
fundamentado no amor ao próximo, identificado nas atitudes e ações que irão
gerar confiança nos seus liderados, levando-os a "desejar fazer"; a fazer de bom grado.
Ø A AUTORIDADE, no entanto, se exercida sobre as pessoas,
de cima para baixo, pelo uso do poder de posição é baseada unicamente no temor.
Este comportamento, se adotado por alguém designado para liderar conseguirá,
apenas, que os liderados “façam” o que lhes foi determinado.
Neste caso a LIDERANÇA não será feita da mesma forma que a de Jesus: "COM" as pessoas. Ela será feita ”PARA” as pessoas; ”PARA” o presbitério ou rede ministerial.
Quando,
com determinação, identificar, considerar e respeitar os legítimos
não-conformistas para que eles tenham vida em abundância, esta consideração e
este respeito lhe serão amorosamente retribuídos.
Ele chegará ao topo, ao patamar da escada, ao exercício pleno da
"LIDERANÇA", objetivando sempre ser servo acima de tudo e não um
líder acima de tudo.
Vejamos, então, o que o
líder “chamado“ por Deus, deverá fazer para ser reconhecido como um eficaz
líder servidor/transformacional e para chegar bem próximo de uma perfeita
imitação de Jesus Cristo:
A - Adotar posturas essenciais,
verdades espirituais contidas no exemplo da liderança de Jesus, tanto na
execução das tarefas quanto nos relacionamentos interpessoais.
Desse modo, seus
liderados serão bem sucedidos em suas funções na obra de Deus e como seres
humanos. Eles, de certo, alcançarão a eficácia, não apenas na realização da
obra, mas no cotidiano de suas vidas, dentro e fora da igreja. “E ele os
apascentou, consoante a integridade do seu coração (relacionamentos) e os dirigiu com mãos precavidas (tarefas)" (Sl
78:72)
B - Fazer amizades sinceras,
no âmbito dos crentes, quando da partilha das tristezas e, com isto, propiciar o
renovo de encorajamento e de suas emoções – “Como o óleo e o perfume
alegram o coração, assim o amigo encontra doçura no conselho cordial.”(Pv 27:9);
C - Ombrear com a sua
família de crentes, dando-lhes o apoio;
comemorando vitórias e amenizando preocupações, ante o insucesso – “Alegrai-vos
com os que se alegram e chorai com os que choram." (Rm 12:15);
D - Consolar, amparar e,
dessa forma, fazer amigos, comungando com os
santos do seu Ministério em lazer e entretenimento nos intervalos entre as
batalhas da vida (Jo 2:1-11);
E - Esforçar-se em ouvir as
pessoas, sem fazer avaliações.
Ouvi-las para compreender,
para assimilar mentalmente os seus problemas; Ouvi-las, ativamente, para que
compartilhem as suas diferentes percepções sobre o seu estilo de Liderança;
Mostrar-lhes sua intenção de aceitar “feedback” negativo sobre a sua conduta
ministerial.
Sendo um bom ouvinte, quando ouvirá de forma sinérgica e
empática, compreenderá com mais facilidade os diferentes pontos de vista de
cada um. É dessa forma que irá conseguir a união, a unidade do rebanho de Deus
a ele confiado (1Co 9:19-23);
F - Esforçar-se, também, em
desenvolver e aperfeiçoar seus fiéis colaboradores,
Procurando, sempre,
ajudá-los a alcançar o amadurecimento, a maturidade espiritual, através da
crença no potencial de cada um, fazendo com que se sintam valorizados, também,
como cidadãos e como parceiros dignos da sua confiança; tratá-los com extrema
consideração quanto às decisões que a igreja precisará tomar e que poderiam vir
a afetá-los.
Sempre que possível e, se dele depender, acomodar as complexas necessidades de
cada um, buscando motivar e engajá-los na obra de Deus – “E o que de minha
parte ouviste através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens
fiéis e também idôneos para instruir a outros.” (2Tm 2:2) - “...outros
para evangelistas e outros para pastores e mestres,” - “com vistas ao
aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço...”(Ef 4:11,12);
G
– Compartilhar o seu lado humano e a sua vulnerabilidade, deixando que identifiquem seus pontos fracos, para que mais se
aproximem dele e se sintam seguros – “Jesus chorou” (Jo 11:35);
H – Contar com o apoio
essencial e decisivo da sua família,
mormente quando o trabalho secular exige certa quantidade do seu tempo. Um
ministério bivocacionado estará sempre diminuindo o tempo que o líder deverá
dedicar aos seus familiares – esposa, esposo, filhos.
O ensino bíblico diz que o
pai é o líder espiritual do lar, mas isto não significa que ele não receba
direção de seus familiares.
Ele deve entender que não
será o único a ouvir a voz de Deus e alguém da família pode, também,
interpretar, corretamente a orientação dos céus, como dito na Bíblia - “...para
que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça”
(Mt 18:16).
O chamado para a liderança
pastoral será sempre confirmado por meio do apoio da família;
I – Ele deve formar uma
equipe eficaz de obreiros, através do
empoderamento (Mt 28:19), permitindo-lhes a assunção de riscos e
responsabilidades pelo próprio desempenho; delegando autoridade e partilhando o
seu poder posicional de líder espiritual de uma Igreja.
Para que os componentes de uma rede ministerial venham a evoluir
de uma relação de dependência para uma relação de igualdade ou de interdependência,
é necessária esta liberação de poder, através da delegação de autoridade (Mt
28:18).
Vamos rever os degraus da
escada que pode levar líderes, “chamados” por Deus, ao sucesso?
1º) Vontade;
2º) Amor;
3º) Serviço e Sacrifício;
4º) Autoridade e
5º) Liderança (patamar).
No entanto, eu os conclamo a
usar de sabedoria quando da escolha da parede em que apoiarão essa escada.
Ø A escada, quando apoiada na parede da humildade que
é Jesus Cristo, provoca os aplausos (bençãos) do Senhor, em razão da
eficácia da sua Liderança. O sucesso do líder escolhido é
decorrência natural, um lugar-comum, uma obviedade;
Ø Há líderes, infelizmente, que apoiam a escada na parede da
soberba, contígua à parede da dominação, provocando os apupos do Senhor
- Deus não se agrada disso. O fracasso, então, destes impelidos, é inevitável.
Por
Alberto Couto Filho