Por Alberto Couto Filho
Discute-se:
Marco Feliciano renuncia? Permanece?
Perguntam-me:
Ele sai? Ele fica? O que achas?
O lamentável é que esse assunto tem sido
comentado nos púlpitos, nas igrejas, pelos seus próprios líderes, até mesmo em
meio à pregação da Palavra de Deus. Por esta razão, aqui e ali; cristãos e não cristãos
emitem opiniões divergentes sobre o comportamento, sobre as restrições à
conduta religiosa e parlamentar do pastor/deputado Marco Feliciano –
redundando: muitos a favor; outros tantos contra.
A veiculação deste assunto nas igrejas
através das suas lideranças tem fomentado a ocorrência de um nefasto e
inaceitável PARTIDARISMO,
biblicamente considerado como inimigo mortal da Unidade na igreja de Cristo, pela
sua capacidade de introduzir facções em uma pequena congregação.
Por isso, em muitas dessas igrejas pode-se
distinguir, em meio à membresias, já divididas sobre este tedioso affaire, a adoção
de posturas mundanas quando da discussão em torno da conduta de conhecidos mega-evangelistas,
sem que seja percebida a substituição do necessário e obrigatório culto a Deus
por um indesejável “culto à personalidade”.
Como decorrência natural dessa veiculação, afloram
em muitas das nossas igrejas pessoas e grupos já fragilizados, não mais dependentes
do Senhor das nossas vidas.
Esses nos permitem identificar tendências a
valorizar esse ou aquele ministério que têm a frente: apóstolos, bispos e
pastores que desenvolvem um elaborado marketing pessoal que, propositadamente, estão
a carreá-los à categoria de “ídolos”; são líderes proclamados carismáticos por
aquelas pessoas que os tornam midiáticos e que se dispõem a sustenta-los,
através de ofertas voluntárias – creio ser este o caso do nobre deputado/pastor
Marco Feliciano e de outros que professam a falaciosa teologia da prosperidade.
Há uma linha extremamente tênue entre honrar
um homem de Deus e idolatrá-lo.
Quando da emissão de um parecer pessoal
quanto à renúncia ou à sua permanência na presidência da CDHM, seja quem for o
emissor ele estará, naturalmente, propiciando a instalação do espírito partidário devido à divergência de opiniões e, creiam, vai ser
extremamente difícil desinstalá-lo.
A idolatria, nesse caso, é uma reles caricatura
de adoração a Deus. O “ídolo” vibra com
os aplausos dos idólatras e, quase sempre, se esquece de atribuir o seu dom ou
virtudes (se é que as tem) ao poder do nosso Criador.
Seguem-se aos aplausos, para reforçar a ovação
popular, aquele “papo” falso, apinhado de uma inexistente humildade – é assim,
modesta e acochambradamente que se promove o danoso “culto à personalidade”.
Por conveniência e, tão
somente por isto, esses ídolos inúteis
esquecem a liturgia para a “adoração pública”:
1 - Criada
poeticamente pelo salmista, quando declara a confiança que o povo deve ter
apenas no Senhor:
“HONRAS SOMENTE A DEUS” – “Não
a nós Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por amor da tua
misericórdia e da “tua fidelidade.” (Sl 115-1;
2 – Deus repreendendo a
infidelidade do povo, dizendo: EU sou o mesmo:
“CONTRASTANDO COM A
JACTÂNCIA DA BABILÔNIA” - “Dá-me ouvidos, ó Jacó, e tu ó Israel, a
quem chamei; eu sou o mesmo, sou o primeiro e também o último” (Is 48:1);
3 – Paulo comparando a
loucura da cruz com o poder de Deus:
“PAULO GLORIA-SE NA CRUZ DE
CRISTO” – “Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus
Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo” (Gl
6:14).
Por ser perceptível ao Apóstolo Paulo a existência
do PARTIDARISMO
entre os cristãos da igreja de Corinto, ele suscitou um questionamento sobre o
aval do Senhor àquela divisão entre eles, observando que a mensagem do
Evangelho teria que se sobrepor a qualquer desejo ou intenção de se buscar
relevância para certos assuntos.
Paulo exortou-os à Unidade, rogando pela
extinção das contendas entre as facções criadas pelo PARTIDARISMO, numa primeira carta
por volta de 55 a.C (1Co 1:10-12), mas numa segunda carta (2Co 12:20), poucos
anos ais tarde, ele menciona o receio e apreensão de, numa visita próxima,
encontrar aquelas mesmas facções às voltas com contendas, invejas, iras,
porfias, detrações, intrigas, orgulho e tumultos (2Co 12:20).
Esta é uma séria indicação da profundidade
que o PARTIDARISMO
pode alcançar, quando fomentado e tolerado pela liderança de uma igreja. Jesus
exemplificou com clareza o posicionamento do cristão, ante a sua existência: O
Senhor Nosso Deus deve ser o centro de nossa vida. O Filho do Homem não permitiu
nem à própria família desviá-lo do foco da vontade de Deus para a sua vida (Mt
12: 48-50).
Podemos observar que o PARTIDARISMO compreende quatro
momentos, quando visíveis as relações de manipulação e controle
existentes não apenas em pequenas igrejas, mas também nos templos capitaneados
pelos polêmicos profetas da teologia da prosperidade.
Num primeiro momento, ocorre a
divergência de opiniões (dissensão) geradora de desacordos e de muita tensão. Emoções
fortes decorrem da ineficiente administração do problema, determinando a base
do PARTIDARISMO;
Num segundo momento, torna-se
possível identificar o oportunismo de líderes personalistas que, visando se
beneficiar, exploram aquela divergência;
Num terceiro momento
os prós e os contras digladiam-se, difamando uns aos outros – a troca de
ofensas é usada como se fora uma arma integrante de um armamento bélico;
Num quarto momento, já
se pode observar uma grande dificuldade de comunicação, pelo desenvolvimento e
consolidação de um notório desprezo pela opinião de terceiros.
Enquanto isso, oriundo da
“guerra” criada pelo cabuloso “PARTIDARISO” nasce e floresce o
rompimento de relacionamentos entre os cristãos enquanto, mais e mais,
distancia-se o ideal da Unidade, fazendo com que a eficiência da igreja seja
seriamente comprometida.
Na verdade, necessitamos de
líderes autênticos, totalmente comprometidos com a obra do Senhor e que sejam
liderados pelo Espírito Santo, para que não aconteça o “culto à personalidade”, fator
determinante da extinção do culto a Deus, Àquele a quem, unicamente devemos
louvar glorificar e adorar, em espírito e verdade.
Instado a opinar, digo ser favorável
à permanência daquele nobre deputado/pastor na presidência da CDHM, unicamente, por falta de melhor opção,
ocasião em que lembro uma oportuna frase de Abrahan Lincoln:
"Quase todos
podemos suportar a adversidade, mas se quereis provar o caráter de um homem,
dai-lhe poder.".
Concluo,
reproduzindo o trecho final de um brilhante artigo de autoria de Samuel
Torralbo, co-pastor na AD Casa Verde Alta em Mogi das Cruzes: por concordar “in
totum” com o seu contexto:
Vejo nitidamente que o culto essencial a
Deus precisa ser resgatado e mantido pela Igreja, enquanto que, o show
religioso precisa acabar:
O show
das performances humanas precisa acabar, para que, novamente o poder do
Espírito Santo possa operar;
O show
das palavras de motivação e autoajuda precisa acabar, para que, a palavra de
Deus possa gerar arrependimento e mudança nos corações;
O show de
lideranças amantes de si mesmas precisa acabar, para que, verdadeiramente
pessoas venham ser conduzidas no Evangelho;
O show
das experiências mistificadas e pagãs precisa acabar, para que, o Evangelho
simples e puro venha transformar vidas;
O show da
disputa de poderes institucionais religiosos precisa acabar, para que, a o
poder do Evangelho seja a centralidade da vida cristã;
O show
das teologias fundamentadas no materialismo e egoísmo precisa acabar, para que,
a essência das escrituras possa ser desfrutada e vivenciada na pratica da vida;
O show
precisa acabar…e o Evangelho de Cristo, precisa avançar.
Abençoe-nos
Deus. Oremos.
Alberto
Couto Filho