Por Alberto Couto Filho
Trevas densas pairam sobre o mundo, no
palco que está sendo montado nestes tempos finais. Se no passado a Igreja
era perseguida e considerada uma ameaça aos sistemas de governo vigentes, no
presente a mesma goza de benefícios extraordinários do poder instituído,
com direito e prerrogativas que extrapolam o seu âmbito de atuação.
Esta proximidade da Igreja com o
sistema institucionalizado e a busca sempre crescente por status ou posições de
destaque na sociedade, fez com que a Igreja do século XXI perdesse o seu papel
profético de denunciar as mazelas perceptíveis nestas estruturas políticas
humanas.
Por que denunciar e perder todas as
vantagens se é mais cômodo permanecer como está e usufruir de todas as benesses
institucionais? Para que criar embates ideológicos com os figurões do alto
escalão do poder se é mais prático e utilitário permanecer recebendo os
“manjares” dos reis.
Este casamento político é um indicador
que aponta para um problema maior que está tomando corpo à medida que a Igreja
perde o seu referencial e as suas características de “sal” e
de “luz” do mundo (Mt 5.13,14).
Ao perder estas características
intrínsecas ao seu ideário, a Igreja perde também a sua autoridade apostólica.
Uma vez que tal combinação de elementos faz parte de sua tessitura e estrutura
formativa. A visível perda da essência e o desvio dos paradigmas bíblicos,
decerto, a conduzirão a uma profunda deterioração moral e espiritual, que por
sua vez, abrirá as portas para a apostasia e rebelião contra Deus.
É importante ressaltar que embora
esteja havendo este estiolamento, que é um sinal dos tempos finais, percebe-se
que o Senhor tem guardado alguns que ainda não se prostraram a baal. Como nos
tempos do profeta Elias, Deus ainda tem remanescentes fieis que permanecem
inabaláveis no cumprimento de sua vocação celestial, independente do que esteja
acontecendo ao redor ou de influências externas.
Nos dias do profeta Elias, o culto a
baal foi institucionalizado pelo perverso governo de Acabe, influenciado pela
ardilosa, e terrível, Jezabel.
Entretanto, ainda que o poder reinante
estivesse longe dos princípios da Palavra de Deus que eram contrários às
práticas idolátricas e abomináveis dos povos pagãos, sabe-se que o Senhor havia
guardado 7000 homens que não haviam transigido com a heresia governamental. Esses
homens mantiveram-se firmes na verdadeira postura de “servos fiéis”,
contrariando as disposições e os éditos reais que impunham coercitivamente um
desvio do culto real para uma falsa adoração.
Em certos
aspectos, quando o sistema se afasta de Deus ou é contrário ao que está estabelecido
nas Escrituras, não há, portanto, nenhum compromisso do cristão em obedecê-lo
ou ser submisso ao mesmo. Pedro declara:
“Mais
importa obedecer a Deus do que aos homens” (At
5.29).
A nossa
consciência não pode ser tolhida ou cerceada por quem quer que seja. É preciso
decidir-se de que lado se deseja permanecer, pois o Senhor não aceitará
duplicidade de caráter ou comportamentos ambíguos do seu povo, quando está em
jogo os princípios éticos, morais e espirituais da vida cristã exemplar,
baseada na submissão à Sua Palavra.
O patriarca Josué deixou claro a sua
disposição de permanecer firme numa posição santa e íntegra diante de Deus,
quando disse ao povo de Israel prestes a entrar em Canaã estas palavras:
“Porém, se vos parece mal servir aos vossos olhos servir ao Senhor,
escolhei hoje a quem sirvais: se os deuses a quem serviram vossos pais, que
estavam dalém do rio, ou os deuses dos amorreus, em cuja terra habitais, porém
eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24.15). Esta declaração nos
instiga como servos do Deus vivo, a sermos incondicionalmente leais, aos
fundamentos da fé no nosso Criador.
O povo de Deus foi chamado para ser santo e transmitir os valores eternos
da Bíblia e não para ser massa de manobra nas mãos de governos ímpios, pastores
gananciosos e líderes imorais. Basta!
Nota: Texto extraído do blog CRISTIANISMO EM DIA do presbítero Geovani F
dos Santos